3 EXERCÍCIOS DE ESCRITA CRIATIVA
- Editorial Hope

- 7 de set.
- 3 min de leitura

Exercício 1: O Palíndromo Narrativo
Este exercício combina a restrição de uma forma poética com a necessidade de uma progressão narrativa. Um palíndromo é uma frase que pode ser lida da mesma forma de trás para frente. Neste caso, a sua história deve ser um palíndromo narrativo.
A Tarefa: Crie uma história curta (entre 500 e 750 palavras) que, ao ser lida de trás para frente, revele uma nova história, com significado e coerência próprios. A segunda história não pode ser apenas a primeira invertida; ela deve ter seu próprio arco, personagens e resolução. A história lida de frente e a história lida de trás devem estar interligadas, como espelhos de um mesmo evento. Pense em como as ações e o destino dos personagens em uma versão se refletem ou se transformam na outra. Por exemplo, uma jornada de luto se torna uma jornada de esperança; um crime se torna um ato de salvação.
O Desafio: Você precisa não apenas escrever uma história, mas duas simultaneamente. A sua primeira frase precisa ser o ponto de partida da primeira história, e a sua última frase o ponto de partida da segunda. Cada parágrafo deve funcionar como um díptico, onde a leitura para a frente revela uma coisa e a leitura para trás revela outra. A progressão narrativa precisa ser consistente em ambas as direções. Isso exige um planejamento meticuloso de cada palavra, frase e parágrafo.
Exercício 2: A Sinfonia de Vozes
Este exercício força o autor a abandonar a narrativa linear e a brincar com a multiplicidade de vozes. Ele exige que você não apenas crie personagens, mas que lhes dê uma voz distinta e autêntica.
A Tarefa: Escolha um evento dramático único (por exemplo, um acidente de carro, um roubo a uma joalheria, a descoberta de um segredo de família). Em vez de narrar o evento em si, você deve criar uma série de monólogos curtos (50 a 100 palavras cada), cada um do ponto de vista de um personagem diferente que presenciou ou foi afetado pelo evento. Você deve ter pelo menos 10 monólogos de vozes diferentes, incluindo personagens que normalmente seriam secundários ou esquecidos, como um garçom, um taxista que passava, ou até mesmo um objeto inanimado (uma câmera de segurança, por exemplo). O desafio é que você nunca deve narrar o evento diretamente. O leitor deve construir a história apenas a partir das lacunas e contradições entre os relatos dos personagens.
O Desafio: Você precisa dominar a voz do personagem. Cada monólogo deve ser uma janela para a psique daquele personagem. A sua linguagem, o seu tom, as suas preocupações e as suas percepções devem ser únicos. O que um personagem escolhe para omitir é tão importante quanto o que ele escolhe para contar. A narrativa não se move para a frente por ação, mas por revelação e contraste. Isso exige uma compreensão profunda de cada um dos seus personagens e de como suas perspectivas limitadas se somam para formar um todo maior e mais complexo.
Exercício 3: O Mapa da Memória Perdida
Este exercício desafia a noção de estrutura narrativa. Em vez de escrever uma história em um formato linear, você deve construí-la como um mapa.
A Tarefa: Você é um detetive de memórias. Um personagem (o "cliente") procura você com a memória de um trauma ou evento importante, mas essa memória está fragmentada, como pedaços de um espelho quebrado. Sua tarefa é construir a história dessa memória. A história não será escrita em parágrafos, mas como um mapa narrativo. Crie uma série de pequenos textos (trechos de diário, diálogos, descrições de lugares, listas de objetos, e-mails, etc.), cada um representando uma memória ou um fragmento da história. A ordem desses fragmentos não é cronológica, mas sim espacial, disposta em uma folha de papel ou tela como um mapa. O leitor deve ser capaz de navegar por esses fragmentos de forma não-linear, descobrindo conexões e construindo a história por si mesmo.
O Desafio: A coerência da história não reside na sua sequência, mas na sua arquitetura. Você precisa pensar em como as diferentes partes da história se relacionam entre si, como pontos em um mapa. A proximidade de um trecho a outro pode sugerir uma conexão temática ou emocional, mesmo que não seja cronológica. Você precisa criar uma história que funcione como um quebra-cabeça, onde o leitor não apenas lê, mas também participa ativamente do processo de montagem. As pistas devem estar em todos os lugares, e a sua narrativa deve ser uma rede, não uma linha reta.
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